Imenso azul
“O que tem no fim do mar?” Essa dúvida me acompanhou durante boa parte da infância. E mais, eu tinha certeza de que um dia iria descobrir. Quando entendi que do outro lado havia um continente, resisti. Preferi continuar acreditando que havia um mistério lá e um dia seria revelado pra mim. Tudo, na verdade, não passava de medo. Sentia um completo terror do mar. E quando o medo vem, a curiosidade acompanha.
Gastar o mar e ter um monte de dúvidas na cabeça é bom demais. O primeiro passo é não ter pressa. Sentar na areia e olhar. O mar é um templo, é fortaleza. Aí depois vem aquele bando de dúvidas, ou inquietações, como queira. Pelo medo que dá, pelo espanto que causa, pela beleza que turva a vista da gente. Como imaginar que ela, a natureza personificada na imensidão do Oceano, não é obra divina? Esse azul é terapia que nos salva, imensidão que nos diminui e nos faz sentir tão frágeis, humanos enfim.
E é por me fazer sentir tão pequena que, com uma frequência cada vez maior, sinto necessidade de gastar o mar. Então largo tudo e vou lá, pra areia, me restabelecer. Aí entendo mais um pouco do que o mestre Hemingway (O velho e o mar) ousou traduzir. A relação do homem com esse marzão pode ser compreendida e traduzida de maneira universal. Seja pra quem nele busca sobrevivência ou inspiração pras artes.
E daqueles que acham que o mar é um só (já ouvi muito isso) eu discordo. Há litorais em que a água te bate, te agride, machuca até. Em outros, é o colo de uma mãe. Abraça, envolve, é uma carícia no corpo e na alma da gente. Na luta ou no acalanto, a imensidão se impõe. E diante dela a gente se curva, porque não passamos de (minúsculos) espectadores.
"Sereia do mar
Me conta o teu segredo
Do teu canto tão bonito
Prometo não espalhar"
Sereia | Céu
Comentários
Vale até reler um post antigo meu, "Quando a onda tenta ser o mar", dá uma bilada:
http://cachosdeideias.blogspot.com.br/2010/11/quando-onda-tenta-ser-o-mar.html
Beijo, cachuda lisa :*
É bem isso.