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Quando o hiato chega na palavra tempo

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Sempre gostei de brincar com as palavras, seus significados, o que acontece com a mente ao unir lé com cré, sem falar quando esses encontros palavrísticos tocam o coração. Lembro demais das primeiras aulas de literatura, ainda na sétima série, quando aprendi a parte técnica da poesia, a professora ensinando como construir rimas, estrofes, quartetos, tercetos, o que era um soneto, um hai kai, a diferença entre poesia e poema… meus olhos ampliaram com tal interesse que jamais a aula de matemática chegou perto.  Comecei então a rascunhar, a brincar com rimas, fazer poesia para o aniversário da avó, para a seleção brasileira de 1994, para meu poodle chamado Toffy. E dali não parei. Foram anos intercalando estilos, da poesia ocasional para a crônica, para a agenda diária da adolescência, onde eu relatava tudo o que acontecia no meu dia, os sentimentos de cada fato ali descrito, foi uma verdadeira escola da narrativa (ainda guardo todas as agendas até hoje, de 1996 a 2001, se não me engano).

Sobre gratidão

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O agradecimento exerce um poder marcante na vida da gente. É preciso, a cada bom resultado ou boaventura, ser grato. Pela boa saúde que nos move, pelos desafios que vêm de surpresa ou são frutos da busca, pelas pessoas que dão sentido ao tudo. E pra materializar o agradecimento, deixei os mantras budistas na cabeceira da cama e peguei a estrada pra Juazeiro. Meu padrinho Padre Cícero, protagonista de todas as minhas conquistas e superações, precisava ser revisitado. E lá fomos nós. Uma trip marcada por risos e fé, com pessoas amadas e que enchem de juventude os meus dias e o meu coração. Emoção ao pé da estátua, conversa com mestre da cultura, a lasca do pau de Santo Antônio. Não faltou nada. Transbordamos o Cariri e atravessamos o verde da Chapada do Araripe ao som de Fagner e do Rei do Baião. Foi na terra de Luiz e Januário onde provamos do bode do Bené e descobrimos mais da música nordestina. Exu é quente e não demorou a nos mandar volta. Na estrada, avistei uma garotinha de

Deu empate

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Verona, IT, 2017 Faz um tempo que não passo por aqui, mas hoje acordei pensando em vir. Deve ser pelo iminente fim de ano que sempre estimula essa reflexão. Digamos que 2017 foi um empate. Explico. Com ganhos e perdas, conquistei uma viagem que foi até pouco tempo atrás sonho de uma vida inteira. A Itália exerce um fascínio sobre mim, antes e agora. A experiência de conhecer Assis, Veneza, Roma e tantas outras foi puro encantamento. Teve outras andanças também ao longo do ano, mas essa foi a mais, eu diria, marcante. Além da Itália, ainda tão viva na memória, houve avanços em outros espaços. No trabalho, ter prazer e gerar resultado sempre será  importante pros dias comuns. Fazer o trivial nunca foi minha praia. E 2017, nesse quesito, me surpreendeu. Conseguimos implantar um projeto bacana na empresa, fiz um treinamento há tempos almejado e conheci muita, muita gente boa. Do lado de cá do coração, perdi um amor. No meio do caminho, os sentimentos bons que trago no peito

Um ano quase sem fim

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Montmartre, Paris, 2016 Tudo bem que 2016 não foi lá tão especial quanto 2015, mas tentamos. O ano começou na euforia de uma viagem. Enfim, sairia do Brasil pra conhecer logo o velho continente. E, melhor, ao lado da pessoa que foi e é o presente mais encantador que esta vida poderia me dar nos últimos anos. Nos deslumbramos com a história, os cenários, os sabores. Foi transcendental. Ajustamos as arestas que restaram quando encaixamos dois gênios fortes e optamos por seguir, juntos, na caminhada. Amar é tão raro. Em agosto, uma grande perda marca o ano. Fomos alvo de uma peça da vida e, sem perceber, mergulhamos em um drama familiar. Tio Moacir – irmão de meu pai – perdeu a vida em uma história que mais pareceu tragédia grega, o que nos fez suportar dor infinita. Até hoje (primeiro dia de 2017) me pergunto se o tempo cura esse aperto no peito da gente. Parece que não. Mais de 4 meses se passaram e me pego muitas vezes pensando sobre o sentido de tudo. Tive uma baixa no meu

A 2015!

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Como 1994 e 2012, esse foi um dos anos que eu marcaria com um pontinho vermelho no calendário. Foi intenso, do jeito que eu gosto. Estudei, viajei, adotei uma dieta mais saudável, trabalhei pra caramba, me emocionei muitas e muitas vezes, chorei. E amei, sobretudo. Então, na análise do saldo, o resultado é surpreendentemente positivo. Quem deu passagem pra 2015 foi minha mãe. Sessentou no começo do ano com a energia e o sorriso de menina! Abriu alas pra minha paz, como sempre. Já na reta final dos BROs, a vida - danada que é - veio me avisar que os anos se passaram também pro meu pai. Fé, medicina e dedicação nos permitiram superar e já esperamos 2016, renovados. Impossível negar o clichê do ‘tempo que voa’. Mas, cá pra nós, boas mesmo são aquelas horas que nos fazem achar que o tempo parou. E 2015, meu velho, você foi bom nisso. Encontrei pessoas e descobri sentimentos que eu, feito manga madura, nunca pensei que existissem. Abri mão de rotas previstas pra construir novas tra

Nas gerais

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Pegamos a rota da estrada real. Depois de uma maratona de atividades domésticas (casa nova, mudança, reforma e reforma de novo), é retomada a temporada de viagens. Não as de trabalho, com horário pra dormir e acordar (essas não têm fim nunca, ainda bem), mas aquelas cujo encontro é somente com o prazer. Que não termina quando o viajante chega em casa, de volta. Uma boa viagem mora na gente por muito tempo. Conhecer Outro Preto, Tiradentes, Mariana e todas essas minas gerais, históricas e lindas, sempre fez parte dos meus planos. O dia chegou. E, sim, foi diferente do esperado. Sem detalhar a  envolvente simpatia mineira, me encantei com as igrejas, me impressionei com a arquitetura, cansei nas ladeiras e ainda estiquei até o sul pra me deliciar nas gélidas cachoeiras do complexo da Zilda, na pequena gigante Carrancas mineira. Uma viagem completa, com direito a tombo, confusões em mapa, pane no GPS. Nesse meio tempo, devo ter engordado um pouco, claro. Ir a Minas e não provar o a

O aprendizado do reolhar

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Ainda na faculdade me descobri uma amante das imagens. Mas não aquela que precisa diariamente alimentar o vício do olhar. Só de vez em quando. E aí, por influência dos amigos, você acaba apurando a vista. Um dia com um filme, outro dia com outro filme e, aqui/acolá, com uma exposição. A imagem sempre falou alto. Só que a vida acadêmica ficou pra trás e, mesmo sem abandonar o cinema, tive mesmo que mergulhar nas letras. O trabalho e as tais leis do Direito me tomaram um tempo tremendo e aí as imagens foram pro espaço. De repente, caí de paraquedas em um trabalho de Audiovisual. Não era minha praia, mas acabou se tornando. Nesse meio tempo apareceu o instagram e as tais selfies entraram na moda. Agora todo mundo poderia registrar o que quisesse e bem entendesse (ops! Quase tudo!). E nesse contexto, um pouco antes talvez, retomei o gosto pela imagem. Mas não a imagem pura e simples de retratar. O apego veio praquela imagem que fala além do que mostra. Ou nem fala. Aquela que remet