O aprendizado do reolhar
Ainda na faculdade me descobri uma amante das imagens. Mas
não aquela que precisa diariamente alimentar o vício do olhar. Só de vez em
quando. E aí, por influência dos amigos, você acaba apurando a vista. Um dia
com um filme, outro dia com outro filme e, aqui/acolá, com uma exposição. A
imagem sempre falou alto. Só que a vida acadêmica ficou pra trás e, mesmo
sem abandonar o cinema, tive mesmo que mergulhar nas letras. O trabalho e as
tais leis do Direito me tomaram um tempo tremendo e aí as imagens foram pro
espaço.
De repente, caí de paraquedas em um trabalho de Audiovisual.
Não era minha praia, mas acabou se tornando. Nesse meio tempo apareceu o
instagram e as tais selfies entraram na moda. Agora todo mundo poderia
registrar o que quisesse e bem entendesse (ops! Quase tudo!). E nesse contexto, um pouco antes talvez, retomei o
gosto pela imagem. Mas não a imagem pura e simples de retratar. O apego veio
praquela imagem que fala além do que mostra. Ou nem fala. Aquela que remete à
imaginação.
E agora, com o universo da Fotografia de novo à minha
frente, é tudo novo. Mais que um mundo de aprendizado técnico e aplicação de
efeitos, descubro uma nova forma de olhar pros cantos. É como se estivesse,
novamente, aprendendo a ver. Sim, claro que ninguém aprende a enxergar. Diferente
do falar ou do andar, muitos já nascem com a habilidade do ver sem mesmo se dar
conta do quão importante ela pode ser ao longo da vida. Ainda tem aqueles que
não enxergam com os olhos e buscam outras formas de ‘sentir’ o mundo. Aí entra
em jogo a alma, a sensibilidade, que o diga o mestre Ray (Charles).
Com esse ‘novo’ olhar pro mundo, vou em frente, exercito,
questiono e me emociono. São formas de tratamento do mundo que essa arte vem me
encantando a cada dia. Na estrada, passo por um homem de bicicleta com as
costas nuas, bermuda vermelha e boné verde. Que imagem inebriante o bronzeado das
costas. Não parei, não registrei. A imagem ficou rapidamente pra trás e permaneceu na memória como se fosse um
quadro. É o olhar sendo redescoberto. Uma nova forma de ver e sentir esse
mundo. Ele pode ser mais bonito sim, muito mais. É só experimentar.
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Foto: Gustavo Pellizzon - Encante |
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