Clarice é bom de ler e de conhecer. Fonte inesgotável na Literatura Brasileira. Sou fã e divido um desses achados na internet com os 'cacheiros' - visitantes do Cachos. Vale muito:
Pegamos a rota da estrada real. Depois de uma maratona de atividades domésticas (casa nova, mudança, reforma e reforma de novo), é retomada a temporada de viagens. Não as de trabalho, com horário pra dormir e acordar (essas não têm fim nunca, ainda bem), mas aquelas cujo encontro é somente com o prazer. Que não termina quando o viajante chega em casa, de volta. Uma boa viagem mora na gente por muito tempo. Conhecer Outro Preto, Tiradentes, Mariana e todas essas minas gerais, históricas e lindas, sempre fez parte dos meus planos. O dia chegou. E, sim, foi diferente do esperado. Sem detalhar a envolvente simpatia mineira, me encantei com as igrejas, me impressionei com a arquitetura, cansei nas ladeiras e ainda estiquei até o sul pra me deliciar nas gélidas cachoeiras do complexo da Zilda, na pequena gigante Carrancas mineira. Uma viagem completa, com direito a tombo, confusões em mapa, pane no GPS. Nesse meio tempo, devo ter engordado um pouco, claro. Ir a Minas e não provar...
Pé na areia, Cheiro de mar Um horizonte inteiro, ali, a cantar Canto indo, canto vindo O canto parece estar cheio de canto Encantado, acordado, sorrido Cantinho cantado O pé na areia leva o canto do mar... ...para todos os cantos. "Um fim de mar colore os horizontes" Manoel de Barros
Sempre gostei de brincar com as palavras, seus significados, o que acontece com a mente ao unir lé com cré, sem falar quando esses encontros palavrísticos tocam o coração. Lembro demais das primeiras aulas de literatura, ainda na sétima série, quando aprendi a parte técnica da poesia, a professora ensinando como construir rimas, estrofes, quartetos, tercetos, o que era um soneto, um hai kai, a diferença entre poesia e poema… meus olhos ampliaram com tal interesse que jamais a aula de matemática chegou perto. Comecei então a rascunhar, a brincar com rimas, fazer poesia para o aniversário da avó, para a seleção brasileira de 1994, para meu poodle chamado Toffy. E dali não parei. Foram anos intercalando estilos, da poesia ocasional para a crônica, para a agenda diária da adolescência, onde eu relatava tudo o que acontecia no meu dia, os sentimentos de cada fato ali descrito, foi uma verdadeira escola da narrativa (ainda guardo todas as agendas até hoje, de 1996 a 2001, se não me enga...
Comentários
O escritor Caio Fernando Abreu a definiu de uma forma ímpar e que creio estar bem próximo da realidade:
"Clarice Lispector. Ela era infelicíssima. A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía."