Desbravando Pernambuco: Serra Negra, Bezerros.


Um ano após nos aventurar pelo quase sertão pernambucano (Vale do Catimbau/Buíque), meu melhor amigo e eu fomos novamente para a estrada pernambucana descobrir mais um lugar que jamais havíamos ouvido falar. Apesar de ser arredia quanto a diversas tradições, já assumimos que queremos manter esse desbravamento como uma tradição nossa.

Encontrei no G1.com uma reportagem sobre o Vale da Serra Negra, que fica há 9 km de Bezerros, agreste pernambucano. Das muitas belezas naturais que vi por lá, uma me pegou de jeito, e não foi nem uma vista bonita não, foi a recepção dos anfitriões, que nos trataram como um deles, a cada esquina, sempre que fazíamos uma pergunta, isso quando não nos acompanhavam para garantir que estaríamos indo no caminho certo. Abraço lá é bóia, que o diga Seu João Bosco e dona Maria Da Paz, que nos receberam com tanto carinho em seu sítio e viraram xodó nosso e nós, deles. Desde o almoço caseiro e cafezinho no sofá da casa deles ouvindo o CD de Tiririca (que Sr. João fez questão que ouvíssemos) até o colchão cedido para os “cabeça de pudim” aqui (levamos barraca e esquecemos colchão, normal) e no fim, duas sacolas cheias, eu disse cheias, de bananas do sítio.

Acampamos lá mesmo, no Sítio Pedra Solta, onde Sr. João com seus 67 anos, nos apresentou cada pedra curiosa, nos contou histórias e tudo com muito humor, cheio das piadas, daquele tipo que “parece” verdade, adouro. O lugar que acampamos chamava-se “Parque da Paz” e era só o que tinha. Ao anoitecer, fogueira, casaco (pra curtir um frio de cerca de 10 graus), vinho e um pouco de música, perfeito.

Em dois dias pudemos conferir quase todos os pontos turísticos, Reserva Ecológica, Mirantes com as visões mais lindas (alguns com mais de 1.000 metros de altura), cavernas, trilhas, grutas, vegetação arbustiva, pôr do sol e, claro, a simpatia do povo da Vila. Com 60 mil habitantes, a Vila praticamente inteira sobrevive de atividades ligadas ao Turismo Ecológico, com Polo Cultural, guias, restaurantes (bem simples todos, mas sempre com a recepção calorosa típica) centro de informações e todos já acostumados a dar informações a turistas. Eles têm medo que chegue muito mais turista e que assim a cidade cresça demais. Seu João quer até fazer mais apartamentos, mas tem o sonho de que a Vila continue sendo do jeito que é e quem quiser que acompanhe o ritmo deles. Não tem, não tem, tchau, volte outra hora.

Esse tipo de turismo vicia, aliás, viajar em si vicia, ok. No entanto, passar alguns dias com a população local, comendo o que eles comem, conversando sobre a rotina deles, fazendo parte dessa rotina, conhecer o lugar em que vivem e que muitos nasceram e se criaram, transcende o turismo básico. É como se víssemos tudo com um olhar de estrangeiro e fossemos capazes de virar essa visão para nós mesmos, para o nosso redor, para a nossa vida. E com isso, voltar renovado, em paz, cheio de vistas belíssimas com ventos diferentes batendo no rosto e com os sorrisos que encontramos no caminho.








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