Bahia, és minha também. Parte 2.

‎"Nesse rio sei andar na beira
Desvario é essa cachoeira
Trilha subindo a mata
A vista que me arrebata
(...)
Seu olhar já me chamou
Eu vou
Caminho pro interior”

Bruna Caram


E foi com muita expectativa que iniciei minha segunda entrega à Bahia, esta que me surpreende a cada visita. Dessa vez, foi no mato, mais especificamente na Chapada Diamantina, que descobri onde a beleza, ou a prima dela, se esconde. Sim, porque até lá foi muita estrada (cruzamos o sertão baiano), com asfalto e terra que pareciam, pareciam – veja bem, que davam a lugar algum. Em alguns momentos imaginávamos estar indo pro nada.

Se onde estive é o nada, digo: conhecê-lo pode ser um bom negócio. O nada é surpreendente. Nas águas da Fazenda Pratinha comecei a perceber que o belo, quando escondido, parece ainda mais belo. Talvez pela dificuldade de chegar, ou pelo deslumbramento que dá. A vista na água cristalina arde com o que não parece real.

E para não falar de Ribeirão do Meio, do encantamento e da beleza agoniante do Poço Azul ou do estilo de vida alternativo do Vale do Capão, onde mulher se despe do pudor e da roupa e se exibe musa das águas, vou direto na Cachoeira da Fumaça. Para uma iniciante em trilhas e nada resistente para exercícios físicos com mais de uma hora de duração, foi exaustivo. Porém, ser surpreendida na subida com uma rajada de vento, no meio de um campo com árvores, incontáveis folhas e flores, foi alentador. Foi como estar perto do céu.

Mais um pouco, ou melhor, mais um muito, e finalmente pudemos ver a cachoeira de ‘baixo pra cima’... O espetáculo é mesmo singular. Sim, porque a fumaça, com seus quase 400m de altura, não deixa a água cair. No meio do caminho o vento leva a água no sentido contrário ao da gravidade, transformando-a em chuva aos heróis que chegam e deixando o espetáculo ainda mais supreendente, com iluminação especial de arco-íris. Puro charme da natureza.

No Morro do Pai Inácio – onde a lenda diz que Inácio, escravo apaixonado pela filha do seu senhor, se atirou para não ser capturado – o clima é místico, com pedras que quase falam e um cruzeiro mudo.

Pegar a estrada de volta, por um caminho diferente da ida, foi encontrar mais uma face do mundo baiano, onde a serra dá espaço pro sertão de uma forma tão sutil que mais parece uma dança. Tudo, todo o tempo que vivi na Bahia novamente, me fez fortalecer ainda mais o pertencimento a esta terra, que desde muito tempo já é anunciada como minha. E me enche de presentes a cada dia.


Fazenda Pratinha


Cachoeira da Fumaça


Morro do Pai Inácio

Comentários

Rafa Britto disse…
Mais uma vez tu se garantisse visse cachuda? Texto belo, envolvendo, imagens idem. Deu foi vontade de agendar logo a próxima viagem. ;)
Belle Bento disse…
Calôra, vai. É muito teu estilo.
O lugar é um presente pra quem gosta de natureza, de beleza, de viver. Ou seja, é nosso. Ainda vou de novo. Quem sabe a gente não se encontra por lá?!
Chapada Diamantina é apaixonante. E ainda é a nossa cara! ;)
Anônimo disse…
tu se garante, Belle...amei e deu muita vontade de ir! bjs
Fernanda Cibele
Belle Bento disse…
Ô Nanda, obrigada!
Vá sim! E leva a meninada! Só a trilha da Fumaça que não aconselho muito pra criança. Mas as cachoeiras menores, os lagos, grutas... Tudo muito legal! :D

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