Quando a onda tenta ser o mar

Há muito queria escrever sobre isso, até porque sempre vivi isso e é algo que acho válido compartilhar. Escrever sobre como o mar, a poesia do mar, me faz bem em momentos críticos, de questionamentos, de angústia, de decisões, de, enfim, quando eu simplesmente preciso entrar em contato com o superior e me reencontrar, respirar fundo, sabe o respirar fundo? Pois é...
Sim, voltando... queria escrever (e um dia ainda irei), mas me deparei agora com um post no blog do Tibério Fonseca, vocalista da banda pernambucana Seu Chico (pra quem não conhece, banda lá de Recife com o pianista Vitor Araújo inclusive, tocando essencialmente, as músicas de, claro, Chico Buarque). Para ouvir um pouco, é só ir no myspace dos meninos aqui.
Gostei tanto do texto, e me identifiquei, aliás, Tibério, parabéns por todos eles, a profissão de observador atento da vida tem ido bem, eu diria. :) Peço licença para reproduzir aqui, pois compartilho da mesma ideia:
Quando a onda tenta ser o mar
Eu acho que já falei sobre isso aqui no blog... mas uma repetição faz parte da vida, não?
Toda vez que me sinto angustiado costumo ir a praia. Nem sempre consigo, mas é minha saída terapêutica predileta. Hoje acordei com um nó na garganta e debandei-me para o oceano.
A imensidão do mar me deixa silencioso, o rolo compressor que por vezes carrego fica pequeno, miúdo, tímido ao perceber que é menos do que uma ameba perto daquilo tudo.
Aí eu começo a prestar atenção nas ondas, todas, inúmeras, ininterruptas, uma atrás da outra, e outra.
E se fossemos uma onda? Tentando ser a maior onda. Tentando ser a mais longa onda. A onda com o começo mais definido. Tentando ser a mais extensa. Tentando possuir a melhor iluminação.
Muito triste se eu fosse uma onda.
Oh onda... relaxa um pouco. Tem onda grande, tem outra pequena e tem umas médias. Tem onda que não começa tão bem mas alcança tamanho. Tem outras com a sorte de pegarem um lindo nascer do sol. Tem onda com larga extensão. Tem curtinha. Baixa. Escura. Torta. Dividida.
Nem vai adiantar você choramingar, nem faz sentido choramingar. Choramingar para quem? Choramingar porque? É assim que é.
Mas olha, saiba que todas (todas viu?) acabam na areia.
Então minha querida onda, não tente ser o mar, seja-o.
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