Um país mudo não muda

Uma amiga me perguntou ontem sobre o que eu achava de todas essas manifestações e protestos que têm acontecido nas ruas do nosso país. Respondi que ainda estava formando minha opinião. Trabalhei durante umas duas ou três greves de ônibus, estive dos dois lados, tenho absorvido formas de protestos sindicais nem tão legítimos e tão corruptas quanto os que estamos acostumados a declarar. Ou seja, apenas observei, li, ouvi; também ouvi, me assustei e me orgulhei com a vaia coletiva à Dilma e acabo de ouvir um discurso da nossa presidenta, sim, nossa, pois fomos nós que a colocamos lá, ela é quem está à frente do nosso país, “queiram ou não queiram os juízes, o nosso bloco é de fato campeão”.

Sou patriota, choro cantando o Hino Brasileiro, me emociono durante as eleições presidenciais, amo conhecer e descobrir a história do meu país. Já fui e vou às ruas quantas vezes preciso for, é preciso falar sobre o que incomoda. O óbvio precisa ser dito. Imaginem então como não escutar 250 mil pessoas? Essas que foram às ruas ontem, dia 17 de junho. Nossa presidente ouviu:

"Os que foram ontem às ruas deram uma mensagem direta ao conjunto da sociedade, sobretudo aos governantes de todas as instâncias. Essa mensagem direta das ruas é por mais cidadania, por melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, pelo direito à participação. Essa mensagem direta das ruas mostra a exigência de transporte público de qualidade e a preço justo. Essa mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário. Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público"

É isso, Dilma (quem quiser ouvir o discurso na íntegra, pode clicar aqui). Acredito que o brasileiro tenha força para mudar o seu país. Não aceitando o pouco ou não fazendo vista grossa, estudando, lendo, tomando consciência crítica e formando opiniões próprias. Tenho ouvido críticas sobre o movimento ser da classe média. Ora, são 40 milhões a mais de pessoas na nova classe média. 40 milhões a mais de pessoas que passaram a estudar mais, a ler mais e, como conseqüência, a questionar mais. Só protesta quem questiona, só questiona quem tem o conhecimento e a oportunidade de buscá-lo. Só questiona quem entende sobre seus direitos, quem entende como o país foi formado e até onde ele pode ir, pois conhece ou já ouviu falar de países que proporcionam uma vida de qualidade aos seus cidadãos. Mais estudo, mais acesso às artes e aos livros, mais massa crítica.

Classe média ou não, o brasileiro está sabendo mais, está se tornando menos passivo, menos besta, menos en’globo’lizado e menos in’veja’joso. Estou feliz por fazer parte, por ser inquieta e por fazer minha parte como brasileira, questionando, me revoltando e falando sobre isso, afinal, o óbvio precisa ser dito. Sempre. Vamos ler mais; questionar mais; deixar de oferecer propina a policiais ou funcionários públicos; cuidar da sua cidade, sem jogar lixo nas ruas - o óbvio precisa ser dito, sorry; votar porque acredita nas propostas do vereador, do deputado, e não só porque ele é amigo da família ou porque o primo está trabalhando pro candidato à prefeitura tal; entre outros atos que podem sim, mudar o nosso país. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pé na areia

Meditação felina

O Pequeno Príncipe e a Raposa