Lições de Ariano
Trabalhar
divulgando e estando nos bastidores de uma aula espetáculo de Ariano Suassuna
foi uma experiência que me teletransportou para outra órbita: o Brasil Real,
como ele tanto colocou durante todo o tempo em que esteve ali no palco,
extremamente à vontade como se estivesse no sofá de sua casa.
Me achei
parecida com algumas maneiras de pensar a vida, achei até por um breve momento
que meu avô poderia ter sido como Ariano – não conheci nenhum dos dois (avôs,
claro). E me senti liberta, vendo que não sou tão desajuizada ou tão diferente
quanto muitas vezes o senso comum nos faz sentir.
Pegar um
pregador de roupas, como ele fez, e se impressionar com a invenção:
- Dois
pedaços de madeira, reparem só, juntas por um pedaço de ferro enrolado aqui no
meio; você aperta, ele abre; solta, ele fecha. É extraordinário, eu jamais invetaria um objeto desses! - mostrando o pregador, admirado, mesmo.
Se eu
dissesse isso com um pregador de roupa olhando para a minha mãe, por exemplo,
era capaz d’eu ouvir:
- Para de
conversa pra boi dormir e vai ‘timbora estender essa roupa, menina! oxe!
É um gênio.
Um sonhador, um desajuizado. Porque, quem tem menos juízo, ousa mais. “Sem a
loucura, o homem é uma besta sadia”.
Muito
escreveria ainda do quanto aprendi nessa aula e do quanto irei levar comigo e
para meus filhos (quando os tiver, claro) e para quem quiser ouvir. Mas
terminarei esse breve relato com uma das reflexões que saí de lá ontem:
Ariano é
radical em muitas opiniões. Muitas das quais, penso o contrário. Mas me abri
para ouvi-lo, me emocionei em ouvi-lo. Ele argumentou, criticou, foi enfático e
forte na sua opinião, mas com um respeito e uma humildade raras de se ver nos seres
humanos de hoje em dia.
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Aloísio Menescal