Quando o hiato chega na palavra tempo



Sempre gostei de brincar com as palavras, seus significados, o que acontece com a mente ao unir lé com cré, sem falar quando esses encontros palavrísticos tocam o coração. Lembro demais das primeiras aulas de literatura, ainda na sétima série, quando aprendi a parte técnica da poesia, a professora ensinando como construir rimas, estrofes, quartetos, tercetos, o que era um soneto, um hai kai, a diferença entre poesia e poema… meus olhos ampliaram com tal interesse que jamais a aula de matemática chegou perto. 

Comecei então a rascunhar, a brincar com rimas, fazer poesia para o aniversário da avó, para a seleção brasileira de 1994, para meu poodle chamado Toffy. E dali não parei. Foram anos intercalando estilos, da poesia ocasional para a crônica, para a agenda diária da adolescência, onde eu relatava tudo o que acontecia no meu dia, os sentimentos de cada fato ali descrito, foi uma verdadeira escola da narrativa (ainda guardo todas as agendas até hoje, de 1996 a 2001, se não me engano).


Veio a fase pós-adolescência, faculdade - quando publiquei dois contos inspirados em histórias reais de idosos em uma coletânea lançada nacionalmente, em 2004, e tive a ousadia de participar do prêmio Maximiano Campos de Literatura, em 2006, e ficar em 9o, dos 73 inscritos. A partir daí a vida profissional começou a tomar conta de boa parte do meu tempo, mas ainda assim a escrita não saia dos meus dias. Já atuando como RP, na primeira agência que atuei, eu e a colega de trabalho na época, Belle Bento, criamos o blog Cachos de Ideias, um espaço para escrevermos à toa, relatarmos experiências, brincarmos com as ideias. Também tive uma coluna em um portal de notícias do Ceará, escrevendo sobre coisas aleatórias, mas do meu jeito, com meu olhar, sem julgamentos, como se fosse só para mim. 


E foi chegando aos 40 anos que me vi distante dessa Rafa ávida por palavras, não só de lê-las, mas de brincar com elas - mas do que escrevê-las. Meu lado profissional foi exigindo cada vez mais minha atenção, meu tempo, minha energia e, quando me dei conta, fazia quase quatro anos que eu não escrevia nada aleatório, sem julgamentos, sobre coisas banais. LinkedIn tem lá um artigo aqui e outro acolá, mas é diferente. 


Toda essa resenha para dizer que voltei. Rs 

Para celebrar, até uns versinhos meio desajustados ainda, mas vai aqui:


Escrever é uma paixão,

meu refúgio, minha inspiração,

mas a vida tem hiatos

e me afastou por um tempo, parte.


Que esse hiato seja breve,

que as palavras fluam,

e que a escrita seja leve,

enquanto a vida, em sua essência, plena de arte.


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