Versos íntimos e saudáveis
Conversando com um querido amigo, com quem compartilho boas conversas sobre textos, palavras e poesias, falei sobre uma poesia de Augusto dos Anjos que me fisgou aos 16 anos, durante uma aula de literatura, e que sei recitar de cor até hoje, chama-se Versos íntimos.
Andava numa “vibe” mais Mário Quintana e Manuel de Barros, vendo o mundo sempre colorido e inocente, lúdico e esperançoso (dá pra perceber pelos minhas últimas postagens aqui). Mas apesar disso, também vejo o lado negro, o lado duro, o lado cruel que possui a vida e os relacionamentos humanos. Por que não escrevo sobre isso? Rodrigo me desafiou e aqui estou, para falar dos Versos Íntimos e - sem deixar de ser eu - que também há beleza no escuro, no trash, beleza ligada ao amadurecimento, à visão de que é preciso mudar de visão para se ter uma serenidade que permita a compreensão, sem esta estar ligada à inocência, claro.
Soltar a fera que existe em nós – até colocada ludicamente na famosa “solte suas asas, mostra suas feras” – é necessário para crescer, para se proteger e para viver até melhor, livre de ilusões e de contos de fadas. É lindo achar que todo mundo é bonzinho e ver o lado bom de tudo, mas é preciso saber que existem pessoas que simplesmente não serão boas, que têm coisas que são foda mesmo e ponto final.
Agora, o que fazer com isso? Aí, amigo, depende justamente de sua vivência, todos nós temos um lado negro e um azul, entrar em contato com esse lado negro sem medo, apesar de parecer assustador e muitas vezes parecer errado, é super saudável e é justamente o que nos faz pessoas maduras e sensatas. Ah, e, claro que não perderei a oportunidade, sim, é poético, é só conferir abaixo.
Pronto, Rods, obrigada pelo desafio e, aproveitando, pelas boas conversas, sempre.
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Andava numa “vibe” mais Mário Quintana e Manuel de Barros, vendo o mundo sempre colorido e inocente, lúdico e esperançoso (dá pra perceber pelos minhas últimas postagens aqui). Mas apesar disso, também vejo o lado negro, o lado duro, o lado cruel que possui a vida e os relacionamentos humanos. Por que não escrevo sobre isso? Rodrigo me desafiou e aqui estou, para falar dos Versos Íntimos e - sem deixar de ser eu - que também há beleza no escuro, no trash, beleza ligada ao amadurecimento, à visão de que é preciso mudar de visão para se ter uma serenidade que permita a compreensão, sem esta estar ligada à inocência, claro.
Soltar a fera que existe em nós – até colocada ludicamente na famosa “solte suas asas, mostra suas feras” – é necessário para crescer, para se proteger e para viver até melhor, livre de ilusões e de contos de fadas. É lindo achar que todo mundo é bonzinho e ver o lado bom de tudo, mas é preciso saber que existem pessoas que simplesmente não serão boas, que têm coisas que são foda mesmo e ponto final.
Agora, o que fazer com isso? Aí, amigo, depende justamente de sua vivência, todos nós temos um lado negro e um azul, entrar em contato com esse lado negro sem medo, apesar de parecer assustador e muitas vezes parecer errado, é super saudável e é justamente o que nos faz pessoas maduras e sensatas. Ah, e, claro que não perderei a oportunidade, sim, é poético, é só conferir abaixo.
Pronto, Rods, obrigada pelo desafio e, aproveitando, pelas boas conversas, sempre.
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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